Por Indyra Tomaz
Diz o ditado que “os olhos são a janela da alma.” É através deles que julgamentos e pré-julgamentos são concebidos como reflexo do que imaginou o inconsciente. Um olhar pode trazer consigo a explosão da alegria de um reencontro, ou a tristeza de uma culpa. Ele é responsável, também, por construir formas, generalizar conceitos, incluir ou excluir indivíduos por causas das suas condições social, racial e sexual.
Sob a perspectiva da importância do olhar do outro na formação de cada indivíduo, assim como dos valores culturais de uma sociedade e das facilidades e dificuldades de construir relações sem tantos pré-conceitos, com o tema “O Preconceito aos Egressos: o papel dos agentes na construção do olhar do outro”, a psicóloga Tetis Falcon deu início ao terceiro dia, na quinta, 8, de Capacitação em Ressocialização, para agentes de desenvolvimento solidário, do projeto Mobilizando Para Uma Nova Economia.
No primeiro momento, os agentes foram questionados sobre quais eram as facilidades e dificuldades de desenvolver o trabalho deles, com os egressos do sistema prisional e/ou seus familiares moradores do Território de Paz do Grande Bom Jardim. Primeiramente, eles expuseram facilidades como “desejo, capacitação, conhecimento, experiência e amor” como fundamentais para desenvolver seu trabalho no território. Porém, o preconceito foi colocado, de maneira unânime, como a maior dificuldade na integração do próprio grupo e com o público-alvo.
“O preconceito é sempre uma relação de poder”, afirmou Tetis no momento em que convidou os agentes a refletir sobre o significado do preconceito, a construção do olhar de cada um para o outro e, principalmente, a importância que esse tem sobre o outro na formação das relações humanas e com o mundo. Nessa perspectiva, a psicóloga mediou a organização de subgrupos, objetivando melhorar a relação entre os agentes no grupo maior e identificar quais preconceitos estavam mais presentes na relação entre eles.
Dinâmicas
Concluído o momento de reflexões e definições do preconceito, Falcon iniciou à tarde com balanço da organização dos subgrupos realizado pelos agentes no fim da manhã, com o objetivo de construir, entre eles, a melhor da relação do grupo.
Em seguida, deu início às dinâmicas da cooperação, da confiança e do olhar. De braços enrolados em cartolinas, os agentes foram convidados a fechar os olhos e ficar de costas um para o outro, de maneira paralela. Esta foi a dinâmica da cooperação, onde os agentes estavam com fome e precisavam cooperar um com o outro, para que todos pudessem se alimentar. Num primeiro momento, alguns jogaram as pipocas pra cima e tentavam comê-las, mas nem sempre conseguiam o suficiente para saciar sua necessidade. Em seguida, observando algumas duplas que conseguiam comer bastante, o grupo se organizou de forma que, todos puderam se alimentar através da ajuda do outro. “O objetivo da dinâmica é fazê-lo perceber a importância da cooperação no trabalho em grupo”, explicou Tetis.
Trabalhada a cooperação, os agentes seguiram para a dinâmica da confiança. Espontaneamente, cada um tinha os olhos vendados e de costas para dois outros colegas jogava o corpo para trás. Nesse momento, a confiança precisava ser construída por quem iria se jogar e por quem pegaria a pessoa que estava caindo. A sensação descrita pela maioria dos agentes que caíram foi “de medo, de proximidade de um abismo”. Da mesma forma, e com grande responsabilidade, quem esperava os colegas no amparo à queda, descreveu o momento como “desafiador e angustiante.”
Para fechar o dia, a psicóloga Tettis Falcon trabalhou com os agentes a dinâmica do olhar. Mais uma vez de olhos fechados e de costas um para o outro, os agentes recebiam coroas com frases como “me olhe com amor, me olhe com nojo, me dê um beijo no rosto, me olhe com pena, me olhe com alegria”, entre outras. Sob o pedido da psicóloga para que se virassem e fizessem o pediam as coroas, sem utilizar da fala para isso, cada um seguiu na construção do olhar do outro sobre si. As reações se estabeleceram de diversas maneiras. Alguns riam dos outros, excluíam, abraçavam. De acordo com Tetis, o momento serviu para mostrar a cada um deles a força de um olhar na formação dos indivíduos.
mais uma vez estou aqui so pra dizer que o nosso tra balho tem dado resultados poucos e piquenos mas ja são alguma coisa...
ResponderExcluirParabéns a todos da equipe Mobilizando, aos agentes de desenvolvimento solidário e aos facilitadores que estiveram conosco durante toda a semana de Capacitação em Ressocialização. Vamos trabalhar para, cada vez mais, realizarmos um bom trabalho e construirmos um Território de Paz do Grande Bom Jardim com sonhamos.
ResponderExcluirA fase dois está só começando, companheiros.