quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Mobilizando inicia atividades de campo no Território de Paz

Por Indyra Tomaz

A equipe técnica e os agentes de desenvolvimento solidário do Mobilizando para uma Nova Economia iniciaram a etapa de campo das atividades do projeto, no Território de Paz do Grande Bom Jardim. Durante os dias 14,15,18,19 e 20 de outubro, as entidades e empreendimentos de Economia Solidária mapeados na primeira etapa do projeto – agosto e setembro- foram visitadas com o propósito de firmar parcerias na identificação e na atuação com jovens em conflito com lei, egressos do sistema prisional e/ou seus familiares.

O ciclo de visitas iniciou no bairro Siqueira, onde, através da articulação das agentes Damiana, Daniele, Adriana e Conceição, a equipe do projeto conheceu a “Produtora Arttude Entretenimento”, que atua na organização e na produção de eventos culturais e particulares do bairro e redondezas. Atualmente, a equipe conta com oito integrantes que estão se profissionalizando na área no Cuca da Barra do Ceará. O grupo não atua com economia solidária, mas tem contato com jovens, através dos trabalhos do grupo nas escolas da comunidade.

A segunda visita, realizada no dia 15, aconteceu no Canidezinho, onde os agentes Fábio, Maria Erivan e Antonio José articulam uma conversa com a União dos Moradores do Bairro Canidezinho - UMBC e a Associação Irmão Lua e Irmão Sol. Na primeira, o Projeto foi recebido pela presidente do local Regina, que afirmou reconhecer o público-alvo do Projeto no bairro e contou sobre sua atuação com eles diariamente. Além disso, Regina alertou e cobrou que as atividades do Projeto “trabalhem com a realidade local e proporcionem um momento dinâmico com jovens”. Na Associação Irmão Lua e Irmão Sol, a equipe foi recebida pelo responsável do local, Roberto, que informou que no território, no que diz respeito ao mercado, as inclinações locais são para as áreas de gastronomia e papel reciclado. Mas afirmou que “os grupos não são organizados e nem formalizados”.

No Bom Jardim, terceira visita do grupo ao Território de Paz, os agentes Neto, Vera e Gislene levaram a equipe para uma conversa com os responsáveis pelo Centro de Aprendizagem do Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim – MSMCBJ, o Conselho Comunitário do Parque Santo Amaro e a Inclusão Produtiva – CRAS do Santa Cecília. A identificação de trabalho com jovens em conflito com a lei e egressos do sistema prisional e/ou familiares foi reconhecida, de forma mais direta, no Conselho. Lá, a equipe foi recebida por uma das diretoras da instituição que informou que o local apoiava projetos sociais, grupo de idosos do CAPS e atividades esportivas e culturais do bairro. Por este fato, os públicos das atividades realizadas no local, se confundem com o público–alvo do Mobilizando.

A penúltima visita, realizada no dia 19 pela equipe do Mobilizando, aconteceu na Granja Portugal, sob a perspectiva dos agentes Lucivânia, Adriana e Leandro que listaram seis lugares para visita, sendo quatro deles visitados. O primeiro foi à entidade Solidu, que trabalha na área de confecção e conta atualmente com 15 membros. As associadas Mazé e Expedita afirmaram interesse em receber o público do projeto, oferecendo seu espaço para ensinar e capacitar 10 jovens no aprendizado da costura. Sob a mesma área de atuação, a equipe conversou também com os responsáveis pela Inclusão Produtiva – CRAS Granja Portugal e o grupo CEGIS. A Inclusão Produtiva oferece também, oficinas de culinária que são desenvolvidas no prédio da UPAM no Conjunto Ceará.

As visitas ao Grande Bom Jardim foram encerradas na Granja Lisboa. Os agentes Raimundo e Giovanni articularam conversa com a Associação Espírita de Umbanda São Miguel e a Associação de Prostitutas do Ceará. Na Associação Espírita, a equipe foi recebida pelo Sr. Neto, responsável pelo local, que informou que lá são realizados oficinas e debates em prol da valorização dos direitos sociais, com foco ao combate dos diversos tipos de preconceitos, principalmente racial. Em seguida, a sócia-fundadora da Associação de Prostitutas do Ceará, Rosarina Sampaio, contou um pouco de sua trajetória com trabalhos sociais e no combate a prostituição infantil no Estado.Além disso, apresentou um espaço com quadra de futebol, aulas de dança e reforço escolar para uso gratuito das crianças e adolescentes do bairro.Rosarina afirmou ter muito contato com o público – alvo do Projeto, mas colocou a captação de recursos ou de projetos como a maior dificuldade para mobilizar os jovens a participarem das atividades. Ela foi responsável também, pela concepção ideológica do projeto Vira Vida do SESI que acolhe jovens iniciados no crime e meninos de rua.

Avaliação

De acordo com a coordenadora pedagógica do Mobilizando, Patrícia Sampaio, o momento é avaliado “como de valia, tanto para o projeto, como também para o nosso engrandecimento, como seres humanos” e lembra, “os trabalhos iniciam agora e a demanda é muita”. Ela coloca que, a partir da visita de campo, foi possível conhecer mais de perto a realidade das comunidades e dos indivíduos que estão à margem da vulnerabilidade da violência. Sampaio acredita que “com esse olhar de perto e dentro”, a atuação do Projeto será realizada com mais segurança para pensar os rumos das atividades de execução futuras, principalmente, saber até que ponto as ações deste podem impactar de forma positiva e transformadora na vida dos moradores da comunidade.

Os pontos positivos e negativos da visita foram colocados pelo coordenador de área, Fancisco Clemilson, que considerou positivo o fato de o Mobilizando poder reconhecer e conhecer os trabalhos de combate á violência já desenvolvidas no território e a oportunidade criada com as parcerias, para tentar melhorar a vida da comunidade. Porém, Clemilson alertou que é necessário mais políticas públicas que atingam, de fato, os jovens do território. “Os projetos existem, mas deixam a impressão de que são ações superficiais”, critica.



Colaboraram Patrícia Sampaio e Francisco Clemilson

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